Ceará: panorama energético

31 de janeiro de 2012 - 18:36

Turbinado pelo crescimento econômico que toda a região Nordeste tem experimentado nos últimos anos, o estado do Ceará, com 8,4 milhões de habitantes, é um dos maiores centros de consumo da região, ao lado da Bahia e Pernambuco. Recebendo obras estratégicas do Programa de Aceleração do Crescimento como a ampliação e remodelagem do Porto de Pecém, o estado também atravessa uma fase de investimentos que vai trazer mudanças na infraestrutura e na matriz energética, como exemplifica João Henrique Franklin, superintendente de operação da Chesf. “O Ceará tem apresentado crescimento da demanda e temos previstas a linha de transmissão e a subestação de Aquiraz, que vão permitir melhorias para o Porto de Pecém, que é uma carga prioritária para o estado”, explica, referindo-se a linha de 20 quilômetros de extensão e que vai solucionar o problema de esgotamento da subestações Fortaleza e Delmiro Gouveia.

De acordo com o Plano Decenal de Expansão de Energia 2020 a carga local prevista para o estado no período 2011-2020 representa 17% do total da região Nordeste. Atualmente, estão em operação 1.232 MW em empreendimentos de geração, sendo 57,6 % de usinas térmicas e 42,1% de fonte eólica.

A energia eólica, apesar de se encontrar nesse momento em um patamar secundário na matriz energética cearense, tem a perspectiva de se transformar no carro-chefe do estado. Dono de um vasto potencial eólico, o processo de expansão dessa fonte deve ocorrer de forma acelerada nos próximos anos. A fonte que mais tem sido comercializada nos últimos leilões de energia da Agência Nacional de Energia Elétrica traz uma onda de investimentos, discussões e se transforma em política pública estadual. Segundo Jofre Freire, técnico da Agência de Desenvolvimento do Estado do Ceará, o momento de crescimento é altamente competitivo e viabiliza o setor. “Aqui no Ceará temos uma previsão de crescimento para em torno de três vezes o que já temos hoje, 519 MW instalados. 40% da capacidade do país está aqui e em 2016 teremos algo em torno de 2 GW”, afirma. 

Para atender a demanda do setor, o governo do estado criou a Câmara Setorial de Energia Eólica, fórum que reúne os representantes da cadeia produtiva, como fabricantes, logística e sindicatos, sendo composta por 24 representantes desses segmentos. Segundo Adão Linhares, presidente da Câmara, o objetivo é o de otimizar processos de desenvolvimento dos empreendimentos eólicos. “Um investidor de parque eólico solicita ao governador que o governo faça uma estrada de acesso porque a carreta que transporta equipamentos não pode subir, ele pede uma coisa pessoal. Se ele vai atrás da Câmara, ela faz um estudo de todos os parques do estado, se estabelece um plano de trabalho com cronograma e custos para o governador”, conta. Ainda segundo o presidente da Câmara, ela se reúne mensalmente, quando os problemas enfrentados pelo setor são discutidos pelos membros.

A Câmara Setorial, criada em 2009, tem também um encontro com o governador do estado, em que são apresentados os pontos discutidos nas reuniões. Linhares classifica o trabalho da câmara como uma forma do governo de criar soluções que atendam ao todo e não a apenas um membro especificamente. “É uma ação do governo para o setor eólico, o setor está ajudando o governo a ajudar o próprio setor”, explica.

A abundância do potencial eólico no estado faz com que o governo do estado almeje que até 2014 ele consiga a autossuficiência em energia, podendo até atingir a qualidade de exportador, saindo de um retrato atual de importador de energia, adotando preferencialmente energia renovável. Para Távora Batista, diretor-técnico da Coelce, distribuidora de energia do estado, as usinas eólicas em implantação das usinas vão traze um reforço na geração para o estado. “As eólicas vão nos apoiar muito no suprimento de energia, porque hoje temos basicamente o suprimento hidráulico que vem das usinas de Paulo Afonso e Tucuruí”, observa. Paulo Lustosa, presidente do Conselho de Política Ambiental do Estado, também acredita que o Ceará será capaz de cumprir a meta. “Está dentro do panorama o estado sair de uma unidade da federação que é importadora para se converter em autossuficiente. A expectativa é que somando todos os projetos de eólicas as térmicas somaremos 1200 MW ao fim de 2014”, afirma.

FONTE: Canal Energia