Ceará Credi: empréstimo concedido a empreendedores injeta recursos nos municípios cearenses

3 de agosto de 2021 - 09:16 # #

Ana Beatriz Sugette - Ascom Adece -Texto José Wagner - Casa Civil - Foto

Ceará Credi gera expectativas positivas nas alternativas econômicas para os municípios cearenses

Criado com o objetivo de diminuir os impactos financeiros nas famílias após a pandemia do Covid-19 e hoje estabelecido como política pública do Governo do Estado, o Ceará Credi deu início à concessão dos primeiros empréstimos e já gera expectativas positivas nas alternativas econômicas para os municípios cearenses.

A necessidade de reinvenção e a coragem para abrir um novo negócio foram alguns dos sentimentos despertados aos atingidos economicamente pela pandemia. É o caso de Daiane Débora Gonçalves, de 30 anos. Formada em administração de empresas, foi no curso de estética que a moradora de Itapipoca se encontrou e trabalha há oito anos, hoje como autônoma.

Daiane Débora pretende abrir seu próprio negócio

“Tive algumas oportunidades de montar um negócio, mas tinha medo de fazer empréstimos devido às taxas altas de juros. Aí veio a pandemia e fiquei um tempo parada. Foi quando vi a proposta do Ceará Credi para colocar meu próprio negócio. Vou me reinventar para dar certo”, afirma a profissional, que obteve R$ 3.500 aprovados pelo programa para investir em cadeiras, espelho e produtos de qualidade. De acordo com ela, a oportunidade é vista como um pontapé inicial para a abertura do próprio negócio.

Outras 351 pessoas do município de Itapipoca foram cadastradas no programa Ceará Credi. O número é composto por 48% de mulheres, 45% de homens e 6,5% não identificaram o gênero. Do total, 82% são informais e 18% microempreendedores individuais (MEI). Com PIB per capita de R$ 12,8 mil, Itapipoca tem média salarial mensal de R$ 1,5 mil dos trabalhadores formais. O setor de serviços é considerado a maior parte da atividade local, com 43% da parcela total. Neste cenário, uma das alternativas de trabalho e renda são os pequenos negócios, destacando-se a importância do acesso ao crédito por parte de empreendedores dos diversos ramos de atividade.

Com PIB per capita de R$ 8,1 mil, Canindé tem média salarial mensal de R$ 1,8 mil dos trabalhadores formais. A cidade conta com 915 inscritos no Ceará Credi, sendo 59% por mulheres, 40% homens e 1% não marcou a opção. Do total, 80% são informais e 20% microempreendedores individuais.

A confeiteira Maria Rosimere, moradora de Canindé, foi outra prejudicada nos primeiros meses da pandemia ao deixar de receber encomendas. Depois de ver a renda familiar despencar, foi no Ceará Credi que a profissional do ramo de bolos e doces encontrou a solução para alavancar o negócio.

Maria Rosimere vai investir em novos equipamentos

“Uma amiga me falou sobre o programa. A questão dos juros diferenciados me chamou atenção por não precisar pagar uma parcela alta. É um programa muito bom e vai ajudar muitas famílias necessitadas”, afirma. Com crédito de R$ 3,6 mil aprovado, a doceira de 36 anos vai investir em um forno industrial e uma panela automática de mexer recheios.

Conforme a diretora de Economia Popular e Solidária da Adece, Silvana Parente, os estudos existentes sobre impactos dos programas de microcrédito, embora pontuais, mostram que, no primeiro momento, aumentam a renda do negócio e da família, bem como o nível de consumo familiar e da qualidade de vida de quem já tem um pequeno negócio.

“Em um segundo momento, há o impacto no nível de ocupação, com aumento de horas trabalhadas e de mais pessoas trabalhando nos empreendimentos. Quanto maior o número de pessoas que têm acesso ao crédito, maior o impacto em nível da comunidade e do munícipio, devido ao efeito multiplicador do aumento do consumo e do investimento. No caso do Ceará Credi, vamos impactar também na inclusão produtiva e financeira de desempregados e mulheres e jovens que, terão a oportunidade de abrir um novo negócio. Outro impacto importante é no aumento da autoestima, confiança e solidariedade entre os empreendedores. No caso das mulheres, ainda temos relatos de impacto no empoderamento feminino e melhoria das relações familiares. Por fim, a capacitação dos beneficiários também gera um importante impacto na melhoria de gestão dos pequenos negócios, potencializando o efeito econômico e a sustentabilidade dos empreendimentos”, avalia.

Capacitação

O presidente da Adece, Francisco Rabelo, reforça que o Ceará Credi é um programa de inserção financeira, social e de capacitação. “Tem todo um arranjo diferenciado e foge da lógica dos créditos tradicionais, tendo em vista que o programa foca naqueles que mais precisam e vai em cima das características do Estado, que reforça o atendimento diferenciado para as pessoas com dificuldades de acesso ao crédito. É uma maneira de dar mais equidade à sociedade”, explica.

A ajuda vai para além dos cursos gratuitos ofertados, mas também por meio do próprio agente de crédito. É o que afirma Daiane. “Os cursos são muitos bons e me ajudaram muito principalmente na parte de finanças, separando o financeiro pessoal do da empresa. São bem informativos e completos. Minha agente também me auxilia muito. Quando estou em dúvida, procuro por ela”, relata.

Funcionamento

Os interessados em cadastrar-se no Ceará Credi devem inscrever-se no site www.cearacredi.ce.gov.br. Os cadastros serão submetidos a aprovação prévia dos dados e, em seguida, os agentes de crédito entram em contato para um levantamento e análise da proposta. Uma vez aprovada, o contrato é assinado, também de forma presencial ou virtual e a liberação se dá pelo Aplicativo Financeiro do Instituto E-Dinheiro, parceiro na tecnologia financeira do Ceará Credi.

Empreendedores interessados em abrir um novo negócio devem realizar dois cursos obrigatórios e gratuitos disponibilizados na Plataforma Ceará Credi. Somente após esse passo entrarão na esteira do atendimento pelos agentes de crédito designados para cada contrato.

Atualmente, o programa está na fase de atendimento aos grupos prioritários, compostos por mulheres vítimas de violência, pessoas com deficiência, egressos do sistema prisional e mulheres chefes de família, que sejam empreendedoras informais e que possuam um negócio e desejam fortalecê-lo. Na sequência serão atendidos todos os clientes cadastrados na base.