CS Frutas: Campanha contrária ao uso de agrotóxicos prejudicou consumo de frutas e hortaliças

21 de março de 2017 - 21:11

O auditório da Secretaria do Desenvolvimento Agrário (SDA) foi palco, na manhã desta terça-feira (21), de debate sobre o uso de agrotóxicos em frutas e hortaliças e o impacto de resíduos dos defensivos agrícolas na saúde humana. O evento, promovido pela Câmara Setorial de Frutas do Ceará, contou com apoio da Secretaria e da Agência de Desenvolvimento Econômico do Estado do Ceará (Adece) e teve como palestrantes Tom Prado, coordenador do Grupo Técnico de Fitossanidade da Confederação Nacional da Agricultura (CNA), e João Carpegil Pereira de Araújo, pesquisador da Embrapa Agroindústria Tropical.

Estiveram na plateia o secretário Dedé Teixeira; o Diretor de Sanidade Vegetal da Agência de Defesa Agropecuária do Estado do Ceará (Adagri) e o 2º Secretário da Câmara Setorial de Fruticultura, Tito Carneiro; além de técnicos da Ematerce e do Instituto Agropolos do Ceará, representantes da Universidade Federal do Ceará (UFC) e coordenadores e funcionários da SDA. “A segurança alimentar é algo de extrema importância para sociedade e, por isso, a SDA apoia e abraça eventos como este, que tem como finalidade o fomento ao pensamento científico e à divulgação de informações essenciais para a população cearense”, saudou o secretário Dedé Teixeira durante a abertura.

Na opinião de Tom Prado, os últimos 10 anos foram marcados pela divulgação de uma imagem excessivamente negativa quanto ao uso de agrotóxicos e uma postura de combate ao produto por parte da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Somente nos primeiros meses deste ano, a postura da vigilância e da opinião pública estão vagarosamente mudando tendo como base o trabalho e as investigações científicas apresentadas pelo coordenador da CNA.

“Os cientistas, tanto internacionalmente quanto nacionalmente, chegam sempre a mesma constatação: os níveis de resíduos de agrotóxicos encontrados (em frutas e hortaliças produzidas no Brasil) não fazem mal à população. Isso tendo como base as metodologias adotadas pela OMS (Organização Mundial de Saúde) e da FAO (Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura)”, sustentou. Na opinião do palestrante, os exageros da campanha contra os agrotóxicos foi responsável pela redução do consumo de frutas e verduras em âmbito nacional.

“Não tenho nenhuma dúvida quanto a isso. Inclusive houve um ministro (José Gomes Temporão, ex-ministro da Saúde) que chegou a dizer que não ia consumir mais o pimentão porque estava contaminado. E, hoje, esses mesmos órgãos recomendo o consumo do produto”, sustentou Tom Prado em entrevista.

Obesidade e saúde

O pesquisador da Embrapa Agroindústria Tropical, João Carpegil Pereira de Araújo, concorda que o consumo de frutas e hortaliças é, em si, um benefício maior que o eventual risco da presença de resíduos de agrotóxicos em concentrações apontadas como adequadas por organismos nacionais e internacionais. Carpegil destacou em palestra que, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a obesidade mais que dobrou entre 1980 a 2014, atingindo o patamar de 31 bilhões de pessoas com sobrepeso e 600 milhões obesas em todo planeta. O quadro preocupante da saúde mundial é reflexo de uma sociedade que cada vez menos consume frutas, verduras e hortaliças.

No Brasil, um estudo do Ministério da Saúde revelou que 48,5% da população estava acima do peso em 2011. O sobrepeso é maior entre os homens, com 52,6% dos brasileiros acima do peso ideal contra 44,7% das brasileiras. Outro dado interessante é que, enquanto o grupo masculino se exercita mais (39,6%) e mais cedo (entre 18 e 24 anos), o que combate o sobrepeso, são as mulheres que entram para o público daqueles com sobrepeso majoritariamente entre os 45 e 54 anos.

Carpegill ainda chama atenção para que uma das principais razões para o sobrepeso e a obesidade é o baixo consumo de frutas, verduras e hortaliças. A OMS destaca, por exemplo, que apenas 20,2% da população brasileira ingere a quantidade recomendada de cinco ou mais porções de frutas e hortaliças por dia. “A obesidade está ligada a diversos problemas de saúde, incluindo alguns tipos de câncer e Acidente Vascular Cerebral, e a principal consequência é o custo econômico, que no Brasil gira em torno de U$S 34,4 bilhões por ano”, alertou.

Assessoria de Comunicação da Secretaria do Desenvolvimento Agrário

André Gurjão – andre.gurjao@sda.gov.br
Marina Filgueiras – marina.filgueiras@sda.ce.gov.br
Bruno Andrade – bruno.martins@sda.ce.gov.br